segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Ponto
Vou rir, rir ao ver isso tudo.
O que já não era bom, piora.
Deve ser o que se passa
Na cabeça do que acha
Estar tudo sempre certo
Sem o por quê, portanto
Eu cansei dessa imagem.
Eu cansei dessa bobagem.
Eu cansei de tanta coisa.
Já era hora que se passa
Ora, se já não tem mais graça
Não há nada a prover, nada.
Não posso fazer acontecer.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
Sobre cair
ele caiu. Em si.
E onde mais se pode cair?
Levantou e foi viver
a nova vida que lhe foi dada,
a nova visão, outrora deturpada.
Percebeu que seu tudo não é nada
que seu dia era uma madrugada.
Viu o quanto deveria mudar,
que o mundo é bem mais que olhar.
São escolhas.
São amigos.
É o Deus.
É amar.
domingo, 5 de junho de 2011
Trinta e seis minutos
Quarta feira. Já são quase cinco e meia da tarde. Ele vê o ônibus que deve tomar para chegar à faculdade e faz o sinal de parada. Imediatamente, atendendo ao chamado, o motorista pára e ele sobe, pega o dinheiro no bolso, paga e passa pela roleta (com alguma dificuldade, culpa dos tantos livros cobrados pelos professores). As janelas estão abertas e faz um pouco de frio. Ele procura um lugar vago para sentar-se. Só há um, bem atrás daquela proteção de vidro que alguns ônibus tem, não sei bem o por quê. Já havia alguém sentado lá. Ele olha, dá um breve sorriso como quem diz "Oi, se não se incomoda, vou me sentar ao seu lado.". O sorriso é prontamente retribuído e ele se senta. Seus ombros se encostam durante todo o trajeto. Eventualmente, os braços. Ele a olha fingindo querer ver a paisagem. Ela foge do seu olhar, finge não perceber. Quando ela toma a atitude, ele vira a cabeça, lê o jornal do sujeito estranho calçando botas vermelhas que está sentado no banco ao lado. Durante um segundo, porém, seus olhares se cruzam pelo vidro e logo se desviam. Ele está apaixonado. Uma paixão que, ele bem sabia, duraria alguns minutos e em nada resultaria, mas era uma paixão boa. Paixão de ônibus. Só havia coragem de olhar pelo vidro. Os olhos não se desgrudavam, como se o outro não estivesse de fato ali ao lado. Como se fossem meras imagens. Como se os ombros não se tocassem. Eventualmente, os braços. Olhavam-se pelo vidro. Nessas alturas já era noite. Não aconteceu, mas era clara a vontade de se tocarem as mãos. Os olhos, contudo, não se desviam um instante. O ponto dele chegava. Pela primeira vez eles param de se olhar. Ele levanta, puxa a cordinha quase no teto e, imediatamente, a sirene toca alertando o motorista de que deve parar. Ele tenta olhar para ela, desta vez não pelo vidro, mas ela se vira para a janela. O ônibus pára. Ele agradece ao motorista, desce as escadas e vai seguir para seu destino. Acabou a paixão.
sábado, 7 de maio de 2011
Irmão
esse sorriso estampado
e de compartilhar de tudo
ainda que esteja mudo.
É de apagar a luz e sair,
desejar-lhe boa noite e
cobrir pra passar o frio
no instante de dormir.
domingo, 17 de abril de 2011
Esperar
Na sala, dança e riso
e um sentimento que me invade ao te ver.
Tanta coisa que eu queria te falar.
Tanta coisa que eu queria te mostrar.
Ainda há tanto pra se viver.
Tenho medo de esperar.
Tenho medo de confiar.
Ainda há tanto pra aprender.
Eu sei que não é esse o fim.
Faz o tempo passar mais rápido.
Faz ele esperar por mim.
Já que eu espero por ti.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Das certezas e saudades
de te ter por perto
do olhar esperto
do envolver na chuva
As vezes penso te ver
no meio da rua
de braços abertos
ao fazer a curva.
Sinto falta do futuro
Sinto falta do que vem
Sinto, sinto, sinto...
Mas uma única certeza há:
Um dia nos encontraremos
No mais lindo lugar.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Vaso
Está tudo vazio.
Não meio vazio.
Muito menos meio cheio.
Está vazio.
Por dentro está vazio.
Nada sente, nada vê.
Não consegue se mover.
Pois está vazio.
Vazio existencial.
Vazio intelectual.
Vazio completo e total.
Está tudo vazio.
Vazio.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Surto
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
O novo
que pensei deixar num canto.
Uma chance de fazer diferente
e me surpreender mais um tanto.
Esperança de vento bater na janela
mais forte do que o que já ventou
E as árvores darem mais frutos
e flores do que o inverno que passou.
Que a lágrima seque no rosto
que haja brilho nesse novo olhar
que existe motivo de sonhar
o sonho maior que se pode buscar.
Seja o todo um pouco que caiba
no bolso, preu levar onde quiser.
Seja a vida o assoviar de um pássaro
de manhã a aquecer depois do café.